TODOS NÓS, CONTRAFORTE [2022-2023]
Atravessamos o paroxismo do capitalismo, quando a decrepitude e a mordaça, a grisalha decadente e o controle fusionam em uma única e mesma coisa.
Em 2018 produzi a série Santinhas, pequenos retratos a óleo sobre tela inspirados nas imagens de manifestantes mulheres encapuzadas, verdadeiras madonas mascaradas.
Em 2020, por ocasião da quarentena durante a epidemia de Covid 19, resgato esse pequeno formato (15 x 10 cm) com a produção de um grande número de pinturas (acrílica e óleo sobre tela) no que vem a ser a série Todos nós, contraforte. São retratos de indivíduos utilizando as chamadas máscaras de proteção. Diversos grupos estão aí representados: profissionais da saúde, políticos, soldados, pessoas simples, bombeiros, crianças, celebridades, super-heróis.
TODOS NÓS, CONTRAFORTE [2022-2023]
Atravessamos o paroxismo do capitalismo, quando a decrepitude e a mordaça, a grisalha decadente e o controle fusionam em uma única e mesma coisa.
É a máscara que deforma? Ou é a doença? Atravessamos o paroxismo do capitalismo, quando a decrepitude e a mordaça, a grisalha decadente e o controle fusionam em uma única e mesma coisa. Trata-se de um rito de passagem, em que nos deparamos com a máscara da morte, a própria Medusa, simultaneamente barreira e umbral entre o reino dos mortos e o mundo dos vivos.
Pulsam então: vida e morte, morte e vida. Marilyn Monroe, Padre Cícero, um mendigo, o Homem-Aranha, todos estertoram e se mascaram diante do controle. Tornam-se mais e menos que humanos. De um lado porque apaga-os a grande soma: estão juntos estando separados, fazendo legião viram multidão, massa informe. De outro lado, extingue-os a grande subtração: a máscara retira algo de sua humanidade, talvez seu poder de fala.